Na tarde de sexta-feira, caminhávamos eu e meu irmão Sandro “Anjo dB” no sentido centro-bairro. Para falar a verdade, já estávamos praticamente no bairro Navegantes, onde moramos. Entretanto, precisávamos entrar pela av. Artur de Souza Costa com a av. Mario Meneguette, ainda bairro Fátima, onde existe uma área verde ou um MATO verde, podemos dizer assim. Paramos para fazer algumas fotos. Umas horas antes, ainda no centro da cidade, havíamos passado pela praça Coronel Pedro Osório, onde vimos uma força tarefa empenhada em deixar aquele lugar um brinco, pois ele é um famoso cartão postal da nossa cidade.
Ora, as favelas, periferias e comunidades municipais também têm seus cartões postais. Porém, esses não recebem a mesma atenção por parte dos órgãos responsáveis. Paramos para conversar com um grupo de pessoas sentadas diante de suas casas, privilegiadas por uma sombra muito agradável e em frente daquele mato verde, onde as crianças brincavam, chegando a desaparecer entre a erva. Abordamos aquele grupo de moradores (as) para indagar um pouco sobre aquela “área verde”.
Neste momento, estava presente a moradora Daiane Alves. Ela nos relatou, com muita tristeza, que antes mesmo do natal haviam realizado uma festa para as crianças das imediações na pracinha, como ela denominou aquele lugar, e desde entäo não receberam mais a visita da turma da limpeza.
Já no caso da dona Angelina Lesser, a tristeza e descontentamento é ainda maior. Ela foi a responsável pelo plantio de grande parte das árvores existentes naquele praça informal. “Quando cheguei aqui, haviam apenas aquelas três árvores. As outras que vocês estão vendo, eu mesma plantei”, nos relata emocionada. E acrescenta que haviam enviado um pedido para transformar aquela área verde num local de recreaçäo para as crianças, acondicionando-o com brinquedos, tais como balanços, escorregadores, gangorras etc.. Mas este documento esbarrou na burocracia e no veto de um morador do bairro, que ocupa (ou ocupava) um cargo no governo municipal e tem uma praça em frente a sua casa. Segundo ele é suficiente, diz Lesser. “As crianças não têm opção! Como que elas vão sair daqui para irem brincar lá longe de casa e dos olhos dos pais? Aqui é a praça que queremos, por isso, que seja uma praça de verdade!” conclui.
Para complicar ainda mais esta situaçäo, existe uma colméia em uma das árvores. De acordo com outros moradores, já entraram em contato com os bombeiros, solicitando-lhes uma soluçäo para este problema. Porém, estes disseram que os moradores comprem o inseticida para que eles possam fazer a retirada.
”Temos que tirar dos nossos bolsos para evitar um dano ainda maior, porque já teve uma criança atacada pelas abelhas”, desabafa Frantiesca Garcia e acrescenta que “tudo o que desejamos é ter um lugar onde nossas crianças possam brincar e brincar com segurança”.
Texto: Edson Mesquita
Colaboração: Axinia Veiras Martins
Fotos: Anjo db