terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Beatriz Araújo pede exoneração do cargo

Produtora cultural apontou necessidade de tempo para dedicar-se a projetos de sua empresa como o principal argumento para deixar o governo.

Por: Michele Ferreira
michele@diariopopular.com.br 
A Secretaria de Cultura (Secult) de Pelotas não está mais sob o comando de Beatriz Araújo. A carta de exoneração foi entregue na tarde desta segunda-feira (20) ao prefeito Eduardo Leite (PSDB), em encontro que durou aproximadamente uma hora. No documento e também na conversa com o chefe do Executivo, no gabinete, a produtora cultural apontou a necessidade de tempo para dedicar-se a projetos de sua empresa - a Ato Produção Cultural - como o principal argumento para deixar o governo. Não haveria qualquer contrariedade de ordem política à decisão. Esta é a segunda mudança no primeiro escalão. Em novembro, a titular da Coordenadoria de Transparência e Controle Interno, Hilda de Souza, pediu afastamento do cargo para assumir tratamento de saúde em Porto Alegre.
Nesta terça, às 15h, o prefeito reúne-se com funcionários da Secult. A intenção é de que a equipe montada por Beatriz Araújo possa permanecer ao lado do novo secretário. O superintendente Giorgio Ronna, à frente da secretaria - interinamente - desde o final de dezembro, quando Beatriz saiu em férias, seguirá como substituto até o anúncio do novo nome. A dúvida é sobre qual partido ficará com a cadeira. Bia, afastada do Partido Popular Socialista (PPS) desde 2007, pertencia à cota pessoal do prefeito.

"É legítimo que os partidos apresentem os nomes que têm à disposição. Vamos analisar", afirmou o tucano. "Mas gostaríamos que a equipe da Secult, que temos na mais alta conta e está bastante entrosada, possa permanecer". Eduardo Leite lamentou a saída de Beatriz e fez questão de destacar sua contribuição no primeiro ano de mandato. "Uma missão importante, em um ano que é sempre o mais difícil: de estruturação do trabalho, de planejamento das ações, de implementação de filosofia".
A palavra de Beatriz Araújo
Em conversa, por telefone, no final da tarde desta segunda, a produtora cultural falou sobre a tomada de decisão e fez rápido balanço sobre os 13 meses de atuação nesta segunda passagem pela Secult. A outra ocorreu de janeiro de 2005, quando Bernardo de Souza (PPS) assumiu a prefeitura de Pelotas, a junho de 2007, quando foi exonerada pelo prefeito Fetter Júnior (PP).
- Pontos positivos: A aprovação de R$ 32 milhões pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, para investir na recuperação do patrimônio, desponta como saldo positivo. As comemorações pelo Dia do Patrimônio, nos dias 17 e 18 de agosto, quando a comunidade ganhou a oportunidade de (re)conhecer vários prédios e espaços - com programação especial e visitas guiadas - também foram lembradas por Beatriz Araújo.
A consolidação do Procultura e a abertura de editais para seleção pública, para definir contemplados com projetos, foram igualmente mencionadas pela secretária, que reassumiria o cargo no começo de fevereiro. "São ferramentas que tornam democrática e transparente a gestão dos recursos", ressaltou.
- Festa popular: As polêmicas que costumam rondar o Carnaval de Pelotas, com indefinições sobre o local da folia, sobre quem entra ou não na passarela e - não raro - sobre quanto será destinado às entidades, não teriam pesado na balança. "Ainda que possa ser um ponto negativo, não agradar os carnavalescos é algo que não me causa surpresa", admite. "Muitos, quando têm acesso a um microfone, a uma emissora de rádio ou a algum vereador, tentam desestabilizar todo um trabalho".
Em 2014, entretanto, com a nomeação do superintendente de Manifestações Populares, Francisco Rangel, a negociação com as entidades deve ser facilitada - aposta. E vai mais longe, ao acreditar no sucesso da festa: "Com a decisão das escolas do Grupo Especial em não desfilar, a cidade receberá a oportunidade de resgatar uma tradição maior, que é do Carnaval participativo e não do Carnaval espetáculo. Vai ser muito bom para cidade".
- Cenário distinto: Beatriz Araújo foi exonerada da Secult em 27 de junho de 2007. O prefeito Fetter Júnior apontou a "oposição sistemática a iniciativas do governo" como argumento à decisão. Depois de uma coletiva de imprensa que ela chegou a convocar, seis pessoas da equipe pediram para deixar os cargos de diretores, em solidariedade à produtora.
"Naquele momento havia litígio. Agora é muito diferente. Sempre tivemos liberdade de atuar. Nunca tivemos um projeto imposto, um projeto glosado pelo prefeito Eduardo".
Fonte: Diário Popular
Foto: Paulo Rossi infocenter DP