quinta-feira, 20 de março de 2014

CUFA- RS E TINGA: GOL DE PLACA!!!!!

Cufa-RS lança a campanha “Chutando o preconceito”, que conta com a parceria do jogador de futebol Tinga, do Cruzeiro



19 de março de 2014  

Vítima de ofensas racistas no jogo contra o Real Garcilaso, no último dia 12 de fevereiro, pela Libertadores, o volante Tinga, que recebeu o apoio na luta contra o preconceito, resolveu assumir o papel de embaixador da causa e, em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas), do Rio Grande do Sul, lançará, em março, a campanha ‘Chutando o Preconceito’.
O primeiro evento ocorrerá no dia 24 de março, em Porto Alegre, e contará com a presença do jogador como principal referência. O volante é um dos parceiros da CUFA há mais de dois anos e apadrinha o Torneio Bola Comunitária, que conta com a participação de crianças de comunidades carentes do estado natal do jogador.
A ideia surgiu depois dos lamentáveis episódios envolvendo torcedores peruanos, que imitavam sons e gestos de macaco a cada vez que o volante pegava na bola. Depois de toda a repercussão do episódio e o apoio de vários brasileiros nas redes sociais, inclusive de personalidades do esporte e da política, como a presidente Dilma Rousseff e ex-jogadores como Ronaldo e Roberto Carlos, o meio-campista virou um símbolo da luta contra o racismo.
Em uma conversa com Manoel Soares, jornalista da RBS e coordenador estadual da CUFA, os dois decidiram realizar o projeto utilizando o esporte e a figura de Tinga para combater o racismo. Segundo Paulo Daniel Santos, um dos coordenadores de pequenos projetos da entidade, a ideia é fazer eventos por todo o estado e, com o tempo, expandir pelo País.
‘O Tinga sempre foi um parceiro da CUFA e amigo pessoal do Manoel Soares. Quando houve aquele ato de racismo a gente se mobilizou. A ideia é de criar um projeto para lidar com a questão do combate ao preconceito. Estamos criando esse movimento com o objetivo de diminuir o preconceito’, disse.
‘O primeiros será aqui no Rio Grande do Sul, mas a nossa ideia é criar espaços de debate para rodar todo o Brasil com essa ideia. Queremos aproveitar do esporte para disseminar esse pensamento e, ao menos neste primeiro evento, teremos a presença do Tinga como principal figura. O atleta tem algumas obrigações com o clube e tentaremos conciliar as agendas para os próximos’, acrescentou.
A campanha já ganhou apoio dos companheiros de Tinga. Pelas redes sociais, os jogadores do Cruzeiro já aproveitaram para divulgar a campanha. O meia Marlone, o volante Lucas Silva e o lateral Mayke já postaram o cartaz do movimento em suas respectivas contas no Instagram. O zagueiro Paulão, do Internacional, que até pouco tempo estava no clube celeste com Tinga, também aderiu à causa e ajudou a divulgar na internet.
O caso de racismo envolvendo a torcida do Real Garcilaso ainda está sendo estudado pela Conmebol, que prometeu se posicionar ainda nesta semana e proferir uma decisão do julgamento

. O clube acusado enviou documentos à Confederação Sul-Americana de futebol na última segunda-feira e aguarda pela sentença. Em sua defesa, alegou que nem mesmo o juiz e o delegado da partida citaram o fato e de que não há controle sobre a torcida por ter jogado em Huancayo. O clube peruano pode ser punido com multa de US$ 3 mil até a exclusão do torneio.








Planeta dos Macacos. Saiba mais sobre esta grande campanha contra o racismo.



13 de março de 2014  
Celso Athayde explica o que é, e qual objetivo da campanha #PlanetaDosMacacos, contra o racismo.
Amigos, o foco central da campanha que acabará no domingo agora não é fazer com que as pessoas chamem os negros de macacos e com isso reforçar o preconceito. Muito longe disso, inclusive pq não somos macacos. A questão é outra, é fazer com que as pessoas reflitam sobre , e isso está acontecendo, queremos q elas descubram coisas que muitas desconhecem.
Pois muiiiiiiiitas pessoas desconhecem, que existe inclusive macacos brancos, vermelhos, amarelos, azul e assim por diante. Essas pessoas tem como referência a imagem de símbolos como Chita do Tarzan ou King Kong , ou seja, animais pretos. E por isso nos associam a eles por conta da cor ( claro que não vou fazer um belo texto aqui sobre um assunto que não sou especialista, aliás, sou especialista em ser chamado de macaco, a vida inteira ) por isso , alguns aqui podem fazer um estudo antropológico para explicar melhor ) mas esses estudos por mais importantes, não tem seduzido os racistas irracionais.
Amigos, os símbolos precisam ser apresentados a outros. E é essa a minha proposta, apresentar “novos simbolos “ para as pessoas , sobre tudo para as crianças , pretas e brancas , que é a existência de macacos loiros (como muitos que estão estampados nos faces das pessoas) , vermelhos, azuis, amarelos, roxos … e também pretos. É essa a reflexão. O preconceito é desdobramentos de símbolos, não nascem nos estádios, lá eles ganham força e mídia. Esse preconceito nasce nas escolas, nos clubes, nas festas , nas alas das escolas , nas favelas, onde o preceito ñ deixa duvidas, pois apesar de serem pobres o branquinho chama o neguinho de macaco pq ele sabe q apesar de ambos estarem ferrados, ele tem a cor do poder e o outro a cor da miséria.
Trazer essa reflexão não substitui outras formas de manifestações . o fato é q esse simbolo tem a ignorância como berçário. Quem nos chama de macacos, não está preocupado com a origem história, mas com a ofensa e pronto.
Sabemos todos q essa pratica é antiga e mundial, não vai ser acabar , nem vai ser esse ano ou ano que vem. Vivemos num lugar onde até os bilionários da barra da tijuca sofrem preconceito e são acudados de EMERGENTES, mas estou certo de que ao apresentar para as pessoas , pras crianças, sobre tudo, a grande diversidade desses primatas lindos, vamos ter a possibilidade de trazer um novo olhar para essa questão, pois esse momento simbolico onde estamos vendos crianças e adultos brancos buscando fotos e macacos q por ventura se parecem com eles ( brancos) , para postarem em seus Faces, elas descobrem naturalmente e “compartilham” essa experiencia com todos ao mesmo tempo.
A final descobrem muito mais do que macacos que se parecem com eles , loiros, amarelos, pretos, alvos etc eles descobrem q os macacos são o mais fiel do espelho humano, independente da sua raça e etinia. Descobrem juntos que existem de todas as caras, rostos e comportamentos, exatamente como cada um de nós , que não é apenas uma particularidade dos negros, mas de todos . descoberem que o que diferencia o negro de um branco é a cor da pele, descobre q o que diferencia um macaco branco de um preto é a cor do pelo.
E ai sim, não haverá sentido chamar alguém de outra cor de macaco quando todos estarão na mesma página. Mas se ainda sim , um desgarrado insistir em chemar um neguinho de macaco, a resposta vira à cipó; “Macaco é você”. Cá pra nós, eu nunca vi essa resposta e ela nunca fez sentido antes de hoje. E assim não estaremos criando tensão entre os mais novos , estaremos sim, criando equilibrio entre os adultos.
• Esse é o meu sentimento , as traduções e interpretações são de vocês. Mas não esqueçam. Se alguém discordar, coloca uma solução no lugar.
• Ou eduquemos nossos filhos hoje ou os nossos netos farão isso por nós.

Junte-se a nós nessa campanha. Para facilitar, disponibilizamos a baixo algumas opções de capa para o facebook e fotos de perfil.







sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

CUFA-RS lança aplicativo do site

Notícias

CUFA-RS lança aplicativo do site

O acessório pode ser baixado nos smartphones com os sistemas IOS, Android ou Java


Data:20/02/2014
Repórter:Eduardo Bertuol Rosin

A CUFA-RS lançou um aplicativo para as pessoas poderem acessar com maior facilidade o conteúdo disponível no site da organização, assim como seus projetos. O acessório pode ser baixado nos smartphones com os sistemas IOS, Android ou Java.
O Presidente do Conselho Estadual da CUFA-RS, Paulo Daniel Santos, destaca que a importância criação do aplicativo. "Estamos em um momento que é crucial estar conectados. As comunidades já estão atentas a tudo que acontece no mundo e precisamos estar presentes nesse mapa virtual, o nosso aplicativo vai servir como conector de ideias", explica. "Queremos dividir as nossas experiências e motivar todos aqueles que conseguem entender que a evolução só pode ser coletiva", acrescenta.
Ainda em fase de testes, é necessário digitar o endereço http://app.vc/cufa-rs no navegador do seu celular ou fotografar o QR Code abaixo com o leitor de código de barras para baixar o aplicativo no seu mobile .



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Conexão Favela "A PONTE"

A praça que queremos!


Na tarde de sexta-feira, caminhávamos eu e meu irmão Sandro “Anjo dB” no sentido centro-bairro. Para falar a verdade, já estávamos praticamente no bairro Navegantes, onde moramos. Entretanto, precisávamos entrar pela av. Artur de Souza Costa com a av. Mario Meneguette, ainda bairro Fátima, onde existe uma área verde ou um MATO verde, podemos dizer assim.  Paramos para fazer algumas fotos. Umas horas antes, ainda no centro da cidade, havíamos passado pela praça Coronel Pedro Osório, onde vimos uma força tarefa empenhada em deixar aquele lugar um brinco, pois ele é um famoso cartão postal da nossa cidade.

Ora, as favelas, periferias e comunidades municipais também têm seus cartões postais. Porém, esses não recebem a mesma atenção por parte dos órgãos responsáveis. Paramos para conversar com um grupo de pessoas sentadas diante de suas casas, privilegiadas por uma sombra muito agradável e em frente daquele mato verde, onde as crianças brincavam, chegando a desaparecer entre a erva. Abordamos aquele grupo de moradores (as) para indagar um pouco sobre aquela “área verde”.

 Neste momento, estava presente a moradora Daiane Alves. Ela nos relatou, com muita tristeza, que antes mesmo do natal haviam realizado uma festa para as crianças das imediações na pracinha, como ela denominou aquele lugar, e desde entäo não receberam mais a visita da turma da limpeza.



Já no caso da dona Angelina Lesser, a tristeza e descontentamento é ainda maior. Ela foi a responsável pelo plantio de grande parte das árvores existentes naquele praça informal. “Quando cheguei aqui, haviam apenas aquelas três árvores. As outras que vocês estão vendo, eu mesma plantei”, nos relata emocionada. E acrescenta que haviam enviado um pedido para transformar aquela área verde num local de recreaçäo para as crianças, acondicionando-o com brinquedos, tais como balanços, escorregadores, gangorras etc.. Mas este documento esbarrou na burocracia e no veto de um morador do bairro, que ocupa (ou ocupava) um cargo no governo municipal e tem uma praça em frente a sua casa. Segundo ele é suficiente, diz Lesser. “As crianças não têm opção! Como que elas vão sair daqui para irem brincar lá longe de casa e dos olhos dos pais? Aqui é a praça que queremos, por isso, que seja uma praça de verdade!” conclui.


 Para complicar ainda mais esta situaçäo, existe uma colméia em uma das árvores. De acordo com outros moradores,  já entraram em contato com os bombeiros, solicitando-lhes uma soluçäo para este problema. Porém, estes disseram que os moradores comprem o inseticida para que eles possam fazer a retirada.

 ”Temos que tirar dos nossos bolsos para evitar um dano ainda maior, porque já teve uma criança atacada pelas abelhas”, desabafa Frantiesca Garcia  e acrescenta que “tudo o que desejamos é ter um lugar onde nossas crianças possam brincar e brincar com segurança”.






Texto: Edson Mesquita
Colaboração: Axinia Veiras Martins
Fotos: Anjo db

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Investimentos em Educação prometem qualificar setor, Mais de R$ 2 milhões serão investidos em projeto de melhoria nos indicadores da Educação



Segundo prefeito, investir na educação é um dos eixos centrais no Plano Estratégico (Foto: Kamilla Alves - Especial DP)
Segundo prefeito, investir na educação é um dos eixos centrais no Plano Estratégico (Foto: Kamilla Alves - Especial DP)
Mesmo ocupando o posto de oitava maior economia do Estado, conforme dados da Federação de Economia e Estatística (FEE), Pelotas ainda apresenta baixo desempenho no que diz respeito à educação. No Ensino Infantil, o município está em 33º lugar no Rio Grande do Sul, enquanto os anos finais do Fundamental estão em 37º conforme avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado em 2011. Pensando em mudar essa realidade, o governo municipal assinou nesta sexta-feira (7) um contrato com o grupo de consultoria Falconi para a melhoria dos indicadores da educação municipal.
A ideia é planejar e pôr em prática até o fim do ano ações voltadas aos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental para que Pelotas avance no ranking do Ideb no Estado. Para isso, serão investidos mais de R$ 2 milhões no desenvolvimento e na aplicação de metas para as escolas que deverão ganhar um modelo de gestão e planos de ação para alcançar os resultados pretendidos. A primeira meta é elevar o Ideb dos anos iniciais dos atuais 4,5 para 5,4 já em 2014. Nos anos finais, o objetivo é sair dos 3,4 e chegar a 4,0 também esse ano. As melhorias terão impacto a médio e longo prazo e até 2017 os índices dos anos iniciais devem alcançar os 7,8 e os 5,6 nos anos finais.
Segundo o prefeito Eduardo Leite (PSDB) investir na educação é um dos eixos centrais no Plano Estratégico apresentado na última semana pela prefeitura. “A evolução na qualidade de ensino irá promover a melhora nos índices sociais e econômicos e é condição essencial para o desenvolvimento da cidade.” Sobre a escolha da empresa Falconi para o projeto, Leite afirmou não ter sido preciso licitação, pois a contratada é reconhecida em várias esferas de poder como uma das melhores no ramo de consultoria, prestando serviços aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em vários municípios do país.
O diretor-presidente da Falconi, Mateus Bandeira, informou já ter dado consultoria a outras cidades na área de educação. Alagoas, Pernambuco, Rondônia, Ceará e Rio de Janeiro já contrataram os serviços da entidade. O consultor líder da Falconi, Alexandre Ribas, garantiu que durante um ano uma equipe da agência percorrerá as escolas pelotenses fazendo um diagnóstico de necessidades e capacitando os diretores e professores envolvidos na gestão dos educandários. Hoje, o município possui 91 escolas municipais, divididas em Educação Infantil e Ensino Fundamental e Médio.
Além disso, as 20 instituições mais problemáticas da rede pública pelotense receberão uma atenção mais profunda, tendo em vista a dimensão dos problemas enfrentados. “Vamos acompanhar todas, mas algumas terão especial atenção devido às fragilidades que apresentam.” Além do prefeito, participaram da assinatura do contrato o secretário de Educação e Desporto, Gilberto Garcias, a vice-prefeita, Paula Mascarenhas (PPS), e representantes da Falconi Consultores de Resultado.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Centro Pop oferece opções a quem não tem quase nada

Ponto municipal reúne moradores de rua e ex-usuários de drogas que buscam chances para uma nova vida.

Por: Camila Faraco
Fotos: Jô Follha

Há cerca de um ano, um homem mora na rua. Como outras centenas na mesma situação, ele mora na rua, mas com um detalhe: tem endereço. Rua Senador Mendonça, número zero. Chegou há mais de um ano e logo depois ganhou a companhia de uma mulher. Ali firmaram ponto fixo, com barracas enjambradas de lençol e papelão. Assim como se monta uma caverna imaginária em brincadeira de criança, é uma casa frágil e invisível. Mas a cena é triste. Porque se trata de gente já crescida. Que não teve oportunidades e perdeu a luta para a desigualdade social e, principalmente, para as drogas.
O poder municipal, através da Secretaria de Justiça Social e Segurança (SJSS), possui todos os dados do cidadão. Nome, filiação, data de nascimento e endereço da família. A princípio, a precisão da identidade nos cadastros oficiais contradiz com a falta de serviços básicos que o homem não recebe. 



Mas a verdade é que, assim como ele, vários chamam a rua de lar. A falta de privacidade e a insegurança são compensadas pela possibilidade de ditar as próprias regras. Assim, é permitido sumir, mesmo do não-lugar a que pertencem. Como o símbolo de quem também quase não existe, é difícil encontrar o homem em seu “endereço”.
Os moradores das casas dizem que é comum ficarem vários dias seguidos sem avistar o residente da calçada que, aliás, não mantém os melhores laços com a vizinhança. Uma dona de casa que não quis ser identificada sente-se apreensiva com a presença dele. “Tenho pena, mas tem limites”. A reclamação é sobre a sujeira e a bagunça do local. Inclusive um abaixo-assinado já foi feito para tirá-lo dali.


Por enquanto, a situação segue como está. Na tentativa de prover oportunidades para moradores como o da rua Senador Mendonça, agentes da SJSS realizam um esforço contínuo. Mas é no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) que o acompanhamento dessas pessoas tem base fixa. Como define a supervisora do local, Cláudia Rodrigues, um trabalho “de formiguinha”, desde o recolhimento noturno à assistência para habitação e saúde. Na rua Gonçalves Chaves, ponto nobre da cidade, uma casa ampla agrega vários perfis: moradores de rua, ex-apenados, dependentes químicos, desempregados e guardadores de carro. À equipe de auxílio, reuniram-se assistentes sociais e psicólogas.

Para receber os 500 cadastrados, a casa tem regimento próprio. Até as 13h30min é o horário de banho. Às 15h é servido o lanche. Os usuários recebem ticket alimentação para o Restaurante Popular. Recém instalado no novo endereço, o local ainda apresenta problemas estruturais - computadores para as aulas de informática estão sem acesso à internet, por exemplo - mas as atividades já estão em andamento.
Satisfeita, a pedagoga Ivana Couto mostra o resultado da oficina de sabão: dois exemplares do tipo vegetal. Ela ministra aulas através do Programa Educacional de Jovens e Adultos (Peja). A maioria dos frequentadores é do sexo masculino, analfabeto e com faixa etária entre 20 e 50 anos. Alessandra Silva é uma das raras mulheres. Aparece de vez em quando para receber as lições. Quando morava na rua, batia ponto no Centro Pop. Agora que largou o vício, chega para visitar os amigos. “Não pode dar as costas para quem ajudou”, conta. Ela completou apenas a terceira série e adora matemática. Mãe de três filhos, o sonho é voltar à escola e arranjar um bom emprego.

Também há casos de ex-profissionais, com carreiras sólidas, que se perderam no vício. “A droga entra e rompe tudo. É incalculável”, afirma a professora. Outros demonstram sensibilidade nem sempre aflorada. Compenetrado entre papéis e lápis de cor, Ivanir Machado diz que “desenha pela imaginação”. Cuida de carros mas quer melhorar de vida. Largou os estudos na quarta série porque caiu na facilidade das ruas.
A moradia na rua e o uso de drogas andam lado a lado. Segundo a gerente de média complexidade da SJSS, Úrsula Buss, 96% dos atendidos pelo Centro são usuários de drogas. Se no órgão o consumo é proibido, a rua se mostra sedutora. “Não tem horário, dá para ganhar uns trocados e usar droga à vontade. É muito difícil competir”, afirma. A funcionária lembra de quando um morador recebeu banho, comida e colchão. Acostumado com o chão duro, as dores nas costas começaram a aparecer. Então, proferiu uma frase que sintetiza a triste constatação: “Quando a gente fica limpo, nossas doenças aparecem”.
Funcionários homens são apenas os vigilantes, todos terceirizados. As coordenadoras convivem quase que diariamente com as ameaças. Uma delas teve os pneus do carro furados. Para aguentar, elas afirmam que precisam ser apaixonadas pelo que fazem. Sobre os desafios da liderança feminina, Úrsula explica a dualidade: “Tem que ser general de vez em quando. Mas tem outras vezes em que é uma vantagem”. O envolvimento é grande e lida com várias faces emocionais dos usuários, carentes de tudo. Inclusive, muitas vezes, de amor materno.
Os vínculos afetivos, portanto, podem ser variados. Fiéis companheiros, os cães rondam o Centro Pop na espera de seus donos. Uma das ideias da coordenação é fazer um trabalho de conscientização e cuidado com os animais. Projetos de inclusão social estão sempre se renovando. Um deles é uma mostra fotográfica com retratos de cada frequentador, forma de recuperarem a autoestima, a dignidade e até mesmo o próprio reconhecimento, ao verem em imagens o que representam a si mesmos.
Serviço: O atendimento é aberto à população. Entretanto, o Centro Pop está atualmente com cadastro restrito. Há a possibilidade de renovação de inscritos, já que muitos não estão frequentando o local. Há ainda a disponibilidade de espaço para voluntariado. Mais informações direto no local: rua Gonçalves Chaves, 813. Telefone: (53) 3222-1587.
  
Fonte: Diário Popular
 


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Beatriz Araújo pede exoneração do cargo

Produtora cultural apontou necessidade de tempo para dedicar-se a projetos de sua empresa como o principal argumento para deixar o governo.

Por: Michele Ferreira
michele@diariopopular.com.br 
A Secretaria de Cultura (Secult) de Pelotas não está mais sob o comando de Beatriz Araújo. A carta de exoneração foi entregue na tarde desta segunda-feira (20) ao prefeito Eduardo Leite (PSDB), em encontro que durou aproximadamente uma hora. No documento e também na conversa com o chefe do Executivo, no gabinete, a produtora cultural apontou a necessidade de tempo para dedicar-se a projetos de sua empresa - a Ato Produção Cultural - como o principal argumento para deixar o governo. Não haveria qualquer contrariedade de ordem política à decisão. Esta é a segunda mudança no primeiro escalão. Em novembro, a titular da Coordenadoria de Transparência e Controle Interno, Hilda de Souza, pediu afastamento do cargo para assumir tratamento de saúde em Porto Alegre.
Nesta terça, às 15h, o prefeito reúne-se com funcionários da Secult. A intenção é de que a equipe montada por Beatriz Araújo possa permanecer ao lado do novo secretário. O superintendente Giorgio Ronna, à frente da secretaria - interinamente - desde o final de dezembro, quando Beatriz saiu em férias, seguirá como substituto até o anúncio do novo nome. A dúvida é sobre qual partido ficará com a cadeira. Bia, afastada do Partido Popular Socialista (PPS) desde 2007, pertencia à cota pessoal do prefeito.

"É legítimo que os partidos apresentem os nomes que têm à disposição. Vamos analisar", afirmou o tucano. "Mas gostaríamos que a equipe da Secult, que temos na mais alta conta e está bastante entrosada, possa permanecer". Eduardo Leite lamentou a saída de Beatriz e fez questão de destacar sua contribuição no primeiro ano de mandato. "Uma missão importante, em um ano que é sempre o mais difícil: de estruturação do trabalho, de planejamento das ações, de implementação de filosofia".
A palavra de Beatriz Araújo
Em conversa, por telefone, no final da tarde desta segunda, a produtora cultural falou sobre a tomada de decisão e fez rápido balanço sobre os 13 meses de atuação nesta segunda passagem pela Secult. A outra ocorreu de janeiro de 2005, quando Bernardo de Souza (PPS) assumiu a prefeitura de Pelotas, a junho de 2007, quando foi exonerada pelo prefeito Fetter Júnior (PP).
- Pontos positivos: A aprovação de R$ 32 milhões pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, para investir na recuperação do patrimônio, desponta como saldo positivo. As comemorações pelo Dia do Patrimônio, nos dias 17 e 18 de agosto, quando a comunidade ganhou a oportunidade de (re)conhecer vários prédios e espaços - com programação especial e visitas guiadas - também foram lembradas por Beatriz Araújo.
A consolidação do Procultura e a abertura de editais para seleção pública, para definir contemplados com projetos, foram igualmente mencionadas pela secretária, que reassumiria o cargo no começo de fevereiro. "São ferramentas que tornam democrática e transparente a gestão dos recursos", ressaltou.
- Festa popular: As polêmicas que costumam rondar o Carnaval de Pelotas, com indefinições sobre o local da folia, sobre quem entra ou não na passarela e - não raro - sobre quanto será destinado às entidades, não teriam pesado na balança. "Ainda que possa ser um ponto negativo, não agradar os carnavalescos é algo que não me causa surpresa", admite. "Muitos, quando têm acesso a um microfone, a uma emissora de rádio ou a algum vereador, tentam desestabilizar todo um trabalho".
Em 2014, entretanto, com a nomeação do superintendente de Manifestações Populares, Francisco Rangel, a negociação com as entidades deve ser facilitada - aposta. E vai mais longe, ao acreditar no sucesso da festa: "Com a decisão das escolas do Grupo Especial em não desfilar, a cidade receberá a oportunidade de resgatar uma tradição maior, que é do Carnaval participativo e não do Carnaval espetáculo. Vai ser muito bom para cidade".
- Cenário distinto: Beatriz Araújo foi exonerada da Secult em 27 de junho de 2007. O prefeito Fetter Júnior apontou a "oposição sistemática a iniciativas do governo" como argumento à decisão. Depois de uma coletiva de imprensa que ela chegou a convocar, seis pessoas da equipe pediram para deixar os cargos de diretores, em solidariedade à produtora.
"Naquele momento havia litígio. Agora é muito diferente. Sempre tivemos liberdade de atuar. Nunca tivemos um projeto imposto, um projeto glosado pelo prefeito Eduardo".
Fonte: Diário Popular
Foto: Paulo Rossi infocenter DP