domingo, 23 de maio de 2010

UFRGS terá papel central em plano de combate ao crack


Centro de pesquisa da universidade foi apontado como centro de referência


Por: fabio.schaffner@gruporbs.com.br

O Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas (CPAD) do Hospital de Clínicas e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) terá um papel estratégico no plano de enfrentamento ao crack lançado ontem. O CPAD coordena algumas iniciativas-chave do programa federal Ações Integradas, que está incluído no plano e tem como foco o combate ao crack.

Durante o lançamento do pacote de medidas contra a droga, o CPAD foi apontado por autoridades como um dos centros de referência para a criação de cursos de especialização e mestrado sobre crack em universidades federais. O centro de pesquisas gaúcho já está trabalhando na preparação de material didático. O HCPA também terá o primeiro dos seis centros colaboradores que serão implantados em hospitais universitários brasileiros. Segundo o plano governamental, esses centros oferecerão atendimento ambulatorial e de internação, além de pesquisar metodologias de tratamento e reinserção social.

Entre as tarefas que estarão a cargo do CPAD encontra-se também a de fazer um diagnóstico sobre a situação do crack no país, com pesquisadores de outros centros brasileiros. Por meio do cruzamento de dados do SUS e dos cadastros de saúde, os estudos irão indicar quantos são os usuários, qual é o tratamento que recebem e que tipo de perfil.

– Pacientes, familiares e profissionais das clínicas serão entrevistados por questionários estruturados, e os dados serão cruzados para identificação das práticas que produzem melhores resultados – explica o diretor do CPAD, Flavio Pechansky.
Investimento de R$ 410 milhões em 2010
Causadora de chagas sociais e violência urbana, a epidemia de crack que assola o país levou o governo a destinar R$ 410 milhões, ainda este ano, para ações de combate ao tráfico, tratamento de usuários e campanha de prevenção. Lançado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack abrange medidas de nove ministérios, órgãos do Judiciário e entidades da sociedade. O valor, agora distribuído em várias frentes para coibir o avanço do crack, é 17 vezes superior ao montante que o governo pretendia investir este ano no Programa Nacional de Redução da Demanda e Oferta de Drogas, até então resumido a R$ 24,13 milhões no orçamento da União.

– Não vamos deixar uma geração de jovens brasileiros perder um futuro cada vez mais promissor. Temos de agir agora – disse ontem o presidente, ao assinar o decreto que instituiu o programa de combate à droga.

Concebidas a partir de um pedido pessoal de Lula há 40 dias, as políticas contra a disseminação da pedra serão implementadas ao longo do ano. Apesar dos números superlativos apresentados – como o treinamento de 100 mil pessoas para assistência a usuários – a única medida que tem vigor imediato é a ampliação dos leitos para internação na rede pública de saúde. Com investimento previsto de R$ 90 milhões, o Ministério da Saúde deseja dobrar as vagas para viciados nos hospitais gerais credenciados ao SUS, passando dos atuais 2,5 mil leitos para 5 mil leitos.


Governo federal vai lançar uma campanha inspirada na ação Crack, Nem Pensar

Discursando no encerramento da 13ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, o presidente Lula pediu o engajamento dos prefeitos.

– É primordial a participação dos prefeitos. Em função dos projetos que apresentarem, nós vamos financiar as políticas adotadas nas cidades – prometeu Lula.

Como o governo não dispõe de dados atuais sobre o volume de consumo de crack e considera ainda incipientes as pesquisas científicas sobre a droga, serão criados centros de referência em hospitais universitários para estimular o desenvolvimento de estudos específicos. Enquanto profissionais irão montar consultórios de rua, atendendo os usuários, as polícias federal, civil e militar pretendem atuar em batidas conjuntas para reprimir o tráfico. De acordo com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, as apreensões de crack crescem no país.

– É um tráfico pulverizado, e a droga é produzida fora das nossas fronteiras – afirmou.

Universitários do Projeto Rondon, líderes religiosos e comunitários, professores e monitores de projetos vinculados à Central Única das Favelas serão treinados para visitar comunidades e prevenir crianças, jovens e adolescentes sobre os riscos da pedra. Tendo a campanha do Grupo RBS, Crack, Nem Pensar, como referência, o presidente Lula determinou ainda a criação de uma ação similar que será oferecida a todos os veículos de comunicação do país, sem fazer menção à marca do governo.